Já tinha feito alguns pães em casa, aqueles mais tradicionais, com leite e ovo, ou os de farinha integral, receitas da minha sogra. Mas o primeiro pão italiano que eu fiz eu aprendi com a Rita Lobo, assistindo ao episódio de seu programa no GNT, Cozinha Prática, em que ela ensinava a preparar um pão simples de fazer, sem sova, inspirado no pão italiano que ela comia na infância, na casa de seu avô. Um episódio cheio de histórias que me fez lembrar dos pães da minha infância, como os pães da Padaria de Pedra, de Mário Roque, os pães e biscoitos da padaria do Seu Lucianinho, a rosca de frutas cristalizadas de tia Nena para o Natal, a rosca de goiabada de minha avó Nestir (a goiabada era por minha causa!), o pão caseiro da casa da vó Nêta…

Foto: Panelinha

Esse saudosismo todo e também uma receita tão prática me inspiraram a colocar a mão na massa e fazer, em casa, meu primeiro pão artesanal. E deu certo. O resultado foi um pão simples de fazer, com uma textura deliciosa e aquele sabor de pão italiano, azedinho, que faz a gente salivar só de imaginar.

Foi o ponto de partida definitivo. Daí em diante fui testando, pesquisando, aprendendo, errando, testando mais um pouco, errando outro tanto (haja farinha!), até descobrir que para fazer pão é preciso entender e aceitar que cada etapa tem seu tempo certo, que deve ser respeitado, sem atropelos, sem atalhos para conseguir conquistar um resultado de encher os olhos.

O pão não tem pressa, ele demanda tempo e paciência. Garanto que vale a pena cada minuto, cada fatia, cada alvéolo e casca crocante. Mais do que sabor, a sensação de que você está fazendo tanta coisa, com tão pouco: apenas farinha, água, sal, fermento e, principalmente, persistência.

Meu primeiro pão italiano, nem tão bonito assim...

Meu primeiro pão italiano, nem tão bonito assim…

Repetindo a receita do pão italiano algumas vezes veio a ideia de experimentar outras receitas, como o pão integral com nozes, delicioso, que ela nos apresentou num outro episódio. Fazer pão, pesquisar receitas, entender a função de cada etapa no processo, passou a fazer parte não só dos meus fins de semana, mas também do meu dia a dia.

Daí a querer desbravar o universo da fermentação natural foi um pulo. Diversos métodos, um grupo maravilhoso no Facebook, o “Levain”, cheio de pessoas generosas e dispostas a compartilhar fotos, receitas e dicas de como fazer seu pão dar certo. Não posso deixar de agradecer a Aline Galle, administradora do grupo, a quem chamo de professora, tão disponível e interessada em ajudar. Um prato cheio para este padeiro amador de fim de semana. Descobri, com a ajuda dos demais participantes, a maravilha de fazer meu próprio pão artesanal de fermentação natural. Aprendi a alimentar o fermento, a hidratar a massa, a sovar, a dobrar, a pré-moldar, a moldar, a criar desenhos incríveis sobre a massa e, finalmente, a assar. Cada etapa tão importante e fundamental para a próxima, no processo.

O Pão na Panela é resultado da descoberta do prazer de fazer pães artesanais em casa, de cultivar meu próprio fermento natural, o Levain, de sair por aí descobrindo novas farinhas para testar, novos métodos para experimentar, novas ferramentas, novos sabores para provar.

Seja bem-vindo ao Pão na Panela. Aproveite as dicas, as receitas de tanta gente talentosa que estou testando em casa e compartilhe seu conhecimento. Seja generoso, faça pão!

Guilherme

 

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