Pão Sourdough 100% farinha integral Fazenda Vargem

Tenho feito muitos pães. Com sova, sem sova. Diferentes combinações de farinhas e métodos. Cada teste é importante para entender bem a qualidade e o resultado obtido de cada farinha e também aprofundar aquilo que já sei (a gente nunca sabe tudo) das engrenagens da fermentação natural. É mágico, mas também é técnica, respeito às etapas e, claro, muita observação.

A farinha integral Fazenda Vargem me impressionou desde o início. Quando fiz o primeiro pão com ela, tive a certeza de que era aquela farinha que me daria os melhores pães integrais. Os mais saborosos e mais macios também. Sempre acreditei que pão integral era sinônimo de pão mais seco, mais duro, mais sem graça. Essa farinha me provou o contrário. AInda bem! O cuidado que os produtores têm com os grãos, o aproveitamento que fazem de todo trigo, o processo de moagem na pedra… tudo se traduz numa farinha muito fina, saborosa e que aguenta água que é uma beleza. Esqueça aquelas farinhas cheias de farelo que dizem que é integral. Essa é outra coisa. Produto nacional de qualidade, feito em Goiás.

Essa receita já fiz metade integral, metade farinha branca. Mas vou confessar: a versão 100% integral conquistou meu paladar. Aqui em casa não pode faltar. Puro ou recheado com nozes, amêndoas, macadâmias… cobertos por sementes como gergelim preto… Cada combinação deixa o pão ainda mais gostoso. Te convido a experimentar.

Infelizmente essa farinha não está disponível em todos os mercados e cidades. Seu alcance ainda é pequeno. Digo “ainda” pois sinceramente espero que eles conquistem mais espaço e mais gente possa entender melhor o que estou falando.

* * * *

Se você é da cidade de São Paulo e quer provar a farinha integral Fazenda Vargem, deixe seu comentário. Tenho sempre algumas unidades à pronta-entrega para dividir com quem quer experimentar essa farinha.

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Vamos à receita?

Receita de Pão Sourdough 100% integral com farinha Fazenda Vargem

INGREDIENTES

  • Farinha de trigo integral Fazenda Vargem: 500g (100%)
    Se você usar outra farinha, reduza para 65 ou 70% a hidratação.
  • Água: 413g (85% de hidratação, já descontando a água que já está no fermento)
  • Levain: 150g (30%)
  • Sal: 12g
  • Mel: 20g

PREPARO DA MASSA

Passo 1 – Autólise
Autólise é o método desenvolvido por Raymond Calvel, em 1974, em que água e farinha são misturadas e colocadas para repousar, iniciando o desenvolvimento da rede de glúten. Você pode fazer a autólise apenas com farinha e água ou, dependendo do tempo que tem disponível, fazer já com o levain. Aqui vou contar o processo em que incluí o fermento na autólise. Nesse caso, pra sua massa não virar um grande fermento, deixe descansar até 40 minutos.

Dilua o levain na água o máximo que conseguir (não tem problema se alguns pedacinhos não se dissolverem totalmente). Numa tijela grande com a farinha, adicione a água com fermento, mexendo bem com a colher. Finalize a mistura da massa com as mãos para garantir que os ingredientes secos fiquem bem hidratados. Sem deixar aqueles grumos secos que podem prejudicar a elasticidade da massa durante a fermentação. Deixe a massa descansar por 40 minutos, em temperatura ambiente, de 20 a 25 graus, coberta por filme plástico, pano de prato ou touca plástica (que você vai usar apenas na cozinha, claro!). Se o dia estiver quente, deixe na geladeira. A massa não deve esquentar muito para não acelerar o processo nesta fase de primeira fermentação.

Passo 2 – Dobras
Após os 40 minutos de descanso, em que a rede de glúten da massa já começou a se desenvolver, inclua o sal e comece a fazer dobras na massa, puxando da borda para o centro, para que o sal seja bem incorporado. Não costumo sovar, mas se quiser fazer alguma pressão na massa, dentro da tijela, vai fundo. Sem problemas. Quando não sentir mais o sal (que parece areia), junte o mel. Aí fica mais gostoso ainda trabalhar a massa, que fica mais macia e mais perfumada. O mel dá um sabor super especial ao pão e acho que combina muito com a farinha integral.
Quando o mel estiver bem incorporado, começaremos a fazer dobras na massa, de meia e meia hora, por 2 horas (total de 4 dobras). Essa etapa é importante no processo de fermentação pois, quando esticamos e dobramos a massa, estamos trabalhando a cadeia de glúten. Fortalecendo a estrutura da massa.

Na tijela, pegue um lado da massa, estique e dobre puxando para o centro dela. Repita esse processo de puxar-esticar-dobrar ao redor de toda massa. Deixe descansar por 30 minutos e volte a repetir o mesmo movimento, mais 3 vezes, com intervalos de 30 minutos. Depois da última dobra, deixe descansar por mais 30 minutos.
Se o dia estiver quente, costumo fazer o descanso entre as dobras na geladeira. Faça testes para ver qual resultado é o melhor pra você.

Passo 3 – Pre-shape ou pré-moldagem
Depois das dobras e descansos, é hora de fazer uma pré-modelagem no pão, para que a massa se “acostume” à estrutura em que fermentará. Eu costumo bolear a massa, cobrindo-a com as duas mãos e fazendo leve pressão para que a massa ganhe resistência. Aqui estamos basicamente fazendo uma bolota com a massa, para ela descansar mais meia hora antes do shape final. Deixe descansar por mais 30 minutos.

Passo 4 – Shape ou moldagem final
Já decidiu qual formato quer fazer nesse pão? Redondo, retangular… são muitas as opções e jeitos de fazer. Abra a massa delicadamente sobre a bancada de trabalho. Em alguns casos costumo rechear com nozes, amêndoas e macadâmias. 150g de mix de nozes farão aquele sucesso no seu recheio. Mas é opcional.
Comece a puxar as laterais da massa e dobrar sobre ela mesma. Comece pela parte de baixo, puxando e esticando até o centro. Depois, puxe um pouco da massa nas laterais esquerda e direita e cruze a massa até alcançar o outro ponto. Algo parecido com “trocar fraldas” (rsss). Pegue a parte de cima, puxe e estique até alcançar a ponta de baixo. Depois, comece a puxar um pouco da massa de cada lado, cruzando e “colando” com a ponta do do outro lado, como se estivesse costurando. Vá enrolando a massa sobre ela mesma, deixando a parte da costura para baixo, em contato com a bancada, para selar.
Ao finalizar a moldagem, coloque a massa com a costura para cima, num banetton (ou qualquer cesto forrado com guardanapo) polvilhado com farinha de arroz. Você pode usar um escorredor de macarrão, bowl de vidro ou alumínio, cesto de vime… vale tudo! Banneton, com fibra natural de rattan, faz bastante diferença na fermentação por controlar excesso de umidade da massa, mas você pode fazer pães sem ele também).

Deixe a massa descansar por 1 hora em temperatura ambiente. Se estiver muito quente, observe a massa e deixe menos tempo.

Passo 5 – Segunda fermentação
Leve a massa para segunda fermentação na geladeira, coberto por um saco plástico limpo ou a mesma touca plástica que usou no primeiro passo. Escolha a parte menos fria da geladeira (talvez a gaveta de legumes e verduras) e deixe descansar por 12 a 24 horas.

Passo 6 – Assar
O pão deve crescer um pouco durante a segunda fermentação, mas não deixe dobrar de tamanho. Se sua geladeira estava muito fria, o processo de fermentação pode ter parado e sua massa não deve ter crescido. Neste caso, deixa algumas horas em temperatura ambiente, para que a massa cresça um pouco. Mas atenção: o pão deve ter fôlego para crescer no forno, o que chamamos de “salto de forno”. Não deixe fermentar além da conta. Observe sempre. Não tem tempo exato…

Pré-aqueça o forno em 250 graus por 30 minutos e coloque a panela com tampa para esquentar. Use um timer (tem no seu celular!) para não perder a hora.

Enquanto a panela aquece, tire a massa da geladeira, coloque sobre um papel antiaderente (eu uso Papel Dover, melhor que papel-manteiga), espalhe um pouco de farinha de arroz sobre ela e faça o corte e a decoração que desejar. O corte, além de deixa o pão mais bonito, abre caminho para que o gás escape de dentro da massa durante o “salto de forno”, quando ele cresce e cria aquela pestana linda no pão. Se você não riscar o caminho, o pão encontrará um jeito, mas nem sempre ficará bonito como quando você dá “aquela ajudinha” com a lâmina de barbear a massa, nessa etapa.

Passado os 30 minutos, tire a panela do forno. Tire a tampa, coloque o pão na panela, tampe novamente, com muito cuidado para não se queimar. Lembre-se, está MUITO quente. Você pode/deve borrifar água na tampa quente, logo antes de fechar a panela, para formar mais vapor que ajudará a manter a casca úmida enquanto o pão assa bem, de dentro pra fora. O vapor de água deve ser direcionado à tampa, não ao pão.

Coloque a panela tampada no forno e deixe assar por 35 minutos a 250 graus. Lembre-se de usar o timer, uma santa ajuda. Passado esse tempo, tire a tampa e veja como ficou seu pão. Sucesso! Esse momento é dos mais marcantes, sempre que faço pão. Às vezes acho que não vai ser nada demais, que algo vai dar errado, e o pão está lá, esperando pra me surpreender. É mágico. É tenso, mas é mágico.

Reduza a 220 graus e deixe assar por mais 25 minutos, sem a tampa. Isso ajudará a deixar o miolo mais seco, reduzindo o excesso de umidade da massa. Passado esse tempo, se achar que ainda precisa de um pouco mais de cor, deixe mais alguns minutos, acompanhando sempre pra não passar do (seu) ponto. Acenda o queimador superior (se o seu forno tiver) para ajudar a deixá-lo mais corado. O tempo de cocção do pão pode variar de forno para forno. Fique de olho, sempre!

Passo 7 – Esperar
Depois de assado, tire o pão da panela e deixe esfriar totalmente sobre uma grelha (pode ser na grelha do fogão), deixando o ar passar por cima e por baixo do pão, para que a casca de baixo não fique úmida demais por conta do calor. Esse tempo é importante para que o pão termine a cocção, mesmo fora do forno. No mínimo 2 horas. Sim, o resultado compensa. Aguente firme!

RESUMO DA ÓPERA

  • Autólise com água, fermento e farinha por 40 minutos
  • Inclusão do sal e mel
  • Dobras a cada meia hora, por 2 horas
  • Descanso de 30 minutos
  • Pré-moldagem
  • Descanso de 30 minutos
  • Moldagem final
  • Descanso de 1 hora (em temperatura ambiente)
  • Segunda fermentação na geladeira, de 12 a 24 horas
  • Pré-aquecer forno e panela com tampa por 30 minutos a 250 graus
  • Assar a 250 graus por 35 minutos
  • Tirar a tampa e continuar a assar a 220 graus por 25 minutos
  • Finalizar acendendo o queimador superior alguns minutos a mais para dourar
  • Esperar esfriar 2 horas
  • Comer!

Seja feliz, faça pão!

 

Pão sem sova de fermentação natural (no-knead bread)

O primeiro pão que eu fiz, com fermento biológico seco, foi seguindo uma receita de “Pão italiano” que vi no programa Cozinha Prática, da Rita Lobo, no GNT. Bastava misturar os ingredientes na medida certa e esperar a mágica acontecer. Eu não sabia, mas naquele momento eu tinha sido apresentado pela primeira vez ao método “No-knead bread” (em português, “Pão sem sova”), que usa outros processos para formar a cadeia de glúten, responsável pela textura do pão.

Quando fiz meu primeiro levain e comecei a produzir pães de fermentação longa e natural, testei diversos tipos de sova. Usei a batedeira planetária, sovei com as mãos… até que vi os pães maravilhosos que a Cristina Valeije faz, sem sova, apenas com dobras. Resolvi testar e achei o resultado maravilhoso: um pão lindo, de casca bem crocante, miolo muito macio, cheio de alvéolos. Impossível resistir, além de ser bem mais prático e poupar um pouco os braços. Cada técnica tem sua vantagem. O importante é descobrir o método que é melhor para você, para seu paladar.

Quer experimentar a receita? Fiz algumas experiências mexendo nas proporções e aqui vai a combinação em que consegui o melhor resultado (para meu paladar!):

Receita de Pão de fermentação natural sem sova
Adaptação de receita da Cristina Valeije, de “A Cozinha da Vovó”

INGREDIENTES

  • Farinha de trigo: 500g (100%)
  • Água: 350g (70% de hidratação)
  • Levain: 175g (35%)
  • Sal: 12g
  • Açúcar: 5g

PREPARO DA MASSA

Passo 1 – Autólise
Autólise é o método desenvolvido por Raymond Calvel, em 1974, em que água e farinha são misturadas e colocadas para repousar, iniciando o desenvolvimento da rede de glúten. Você pode fazer a autólise apenas com farinha e água ou, dependendo do tempo que tem disponível, fazer já com o levain. Aqui vou contar o processo em que incluí o fermento na autólise. Nesse caso, pra sua massa não virar um grande fermento, deixe descansar até 40 minutos.
Dilua o levain na água o máximo que conseguir (não tem problema se alguns pedacinhos não se dissolverem totalmente). Numa tijela grande, misture a farinha, o sal e o açúcar e adicione a água com fermento, mexendo bem com a colher. Finalize a mistura da massa com as mãos para garantir que os ingredientes secos fiquem bem hidratados. Deixe a massa descansar por 40 minutos, em temperatura ambiente, de 20 a 25 graus, coberta por filme plástico, pano de prato ou touca plástica (que você vai usar apenas na cozinha, claro!). Se o dia estiver quente, deixe na geladeira. A massa não deve esquentar muito para não acelerar o processo nesta fase de primeira fermentação.

Passo 2 – Dobras
Após o descanso começaremos a fazer dobras na massa, de meia e meia hora, por 2 horas (total de 4 dobras). Essa etapa é importante no processo de fermentação pois, quando esticamos e dobramos a massa, estamos trabalhando a cadeia de glúten.
Na tijela, pegue um lado da massa, estique e dobre puxando para o centro dela. Repita esse processo de puxar-esticar-dobrar ao redor de toda massa. Deixe descansar por 30 minutos e volte a repetir o mesmo movimento, mais 3 vezes, com intervalos de 30 minutos. Depois da última dobra, deixe descansar por mais 30 minutos.
Se o dia estiver quente, costumo fazer a descanso entre as dobras na geladeira. Faça testes para ver qual resultado é o melhor pra você.

Passo 3 – Pre-shape ou pré-moldagem
Depois das dobras e descansos, é hora de preparar a massa para o formato final em que fará a segunda fermentação, antes de ir pra panela. Abra a massa delicadamente com as mãos e puxe as laterais para o centro, unindo e apertando as pontas. Vire o lado da “costura” para baixo, boleie a massa para deixá-la mais redonda e deixe descansar por mais 30 minutos.

Passo 4 – Shape ou moldagem final
Já decidiu qual formato quer fazer nesse pão? Redondo, retangular… são muitas as opções e jeitos de fazer. Abra a massa delicadamente sobre a bancada de trabalho e comece a puxar as laterais da massa e dobrar sobre ela mesma. Comece pela parte de baixo, puxando e esticando até o centro. Depois, puxe um pouco da massa nas laterais esquerda e direita e cruze a massa até alcançar o outro ponto. Algo parecido com “trocar fraldas” (rsss). Pegue a parte de cima, puxe e estique até alcançar a ponta de baixo. Depois, comece a puxar um pouco da massa de cada lado, cruzando e “colando” com a ponta do do outro lado, como se estivesse costurando. Vá enrolando a massa sobre ela mesma, deixando a parte da costura para baixo, em contato com a bancada, para selar.

Ao finalizar a moldagem, coloque a massa com a costura para cima, num banetton (ou qualquer cesto forrado com guardanapo) polvilhado com farinha de arroz. Você pode usar um escorredor de macarrão, bowl de vidro ou alumínio, cesto de vime… vale tudo!).

Deixe a massa descansar por 1 hora em temperatura ambiente.

Passo 5 – Segunda fermentação
Leve a massa para segunda fermentação na geladeira, coberto por um saco plástico limpo ou a mesma touca plástica que usou no primeiro passo. Escolha a parte menos fria da geladeira (talvez a gaveta de legumes e verduras) e deixe descansar por 12 a 24 horas.

Passo 6 – Assar
O pão deve crescer durante a segunda fermentação, mas não deixe dobrar de tamanho. Mas atenção: o pão deve ter fôlego para crescer no forno, o que chamamos de “salto de forno”. Não deixe fermentar além da conta.

Pré-aqueça o forno em 250 graus por 30 minutos e coloque a panela com tampa para esquentar. Use um timer (tem no seu celular!) para não perder a hora.

Enquanto a panela aquece, tire a massa da geladeira, coloque sobre um papel antiaderente (eu uso Papel Dover, melhor que papel-manteiga), espalhe um pouco de farinha de arroz sobre ela e faça o corte e a decoração que desejar. Essa é uma das partes mais divertidas do processo.

Passado os 30 minutos, tire a panela do forno. Coloque o pão na panela, tampe, mas cuidado para não se queimar. Lembre-se, está MUITO quente. Você pode borrifar água na tampa quente, logo antes de fechar a panela, para formar mais vapor que ajudará a manter a casca úmida enquanto o pão assa bem, de dentro pra fora.

Coloque a panela tampada no forno e deixe assar por 30 minutos a 250 graus. Lembre-se de usar o timer, uma santa ajuda. Depois, tire a tampa e veja como ficou seu pão. Sucesso!

Reduza a 220 graus e deixe assar por mais 20 minutos, sem a tampa. Reduza a 180 e deixe assar por mais 10 minutos, para deixar o miolo mais seco, reduzindo o excesso de umidade da massa. Nos minutos finais, acenda a grelha superior (se o seu forno tiver) para ajudar a deixá-lo mais corado sem queimar a parte de baixo. O tempo de cocção do pão pode variar de forno para forno. Fique de olho, sempre!

Passo 7 – Esperar
Depois de assado, tire o pão da panela e deixe esfriar totalmente sobre uma grelha (pode ser na grelha do fogão), deixando o ar passar por cima e por baixo do pão, para que a casca de baixo não fique úmida demais por conta do calor. Esse tempo é importante para que o pão termine a cocção, mesmo fora do forno.

RESUMO DA ÓPERA

  • Autólise com todos os ingredientes, incluindo o levain, por 40 minutos
  • Dobras a cada meia hora, por 2 horas
  • Pré-moldagem
  • Descanso de 30 minutos
  • Moldagem final
  • Descanso de 1 hora (em temperatura ambiente)
  • Segunda fermentação na geladeira, de 12 a 24 horas
  • Pré-aquecer forno e panela com tampa por 30 minutos a 250 graus
  • Assar a 250 graus por 30 minutos
  • Tirar a tampa e continuar a assar a 220 graus por 20 minutos
  • Finalizar a 180 graus por 10 minutos (ligando grelha superior nos últimos minutos para dourar)
  • Esperar esfriar
  • Comer

 

A Cris Valeije, que me inspirou a fazer pães sem sova, tem um canal no Youtube cheio de vídeos com dicas e receitas. Visite o canal “A Cozinha da Vovó” e inspire-se! Ela também realiza em São Paulo a “Oficina Terapia do Pão”. Siga o perfil dela no Instagram e acompanhe as datas do curso.

 

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Inscrições abertas para a próxima Oficina Terapia do Pão no dia 10 de Novembro 2018! Das 14h às 18h Será uma oficina para você BOTAR A MÃO NA MASSA e fazer o seu próprio pão de fermentação natural, na PANELA , em FORNO DOMÉSTICO, além de aprender a rotina do fermento. Serão bem vindos todos que amam cozinhar, que sonhem, que busquem novos horizontes, que queiram se alimentar melhor e que queiram viver uma experiência única de fazer seu próprio pão rústico! No valor da sua inscrição você GANHA uma isca do meu LEVAIN GIGIO, um Lame artesanal para riscar seu pão em casa uma cestinha de fermentação para levar o pão que você fará na aula , e um DIÁRIO pra começar a escrever a sua própria história com o PÂO… Também faz parte do pacote de benefícios, assessória continua por Whatsapp e conteúdos exclusivos em um grupo fechado do Facebook. Está incluso um lanche da tarde delicioso. Nele vamos degustar os pães que você vai aprender a fazer … Também vai levar um pão feito por você,do zero, para assar na sua casa! E quer saber MAIS… LOCAL: A Cozinha da Vovó – Aclimação -SP / SP (Todos os detalhes serão passados na confirmação da inscrição…) INVESTIMENTO: R$250,00 (transferência bancária) ## não fazemos inscrição no dia. Ok?## DURAÇÃO: 4 horas/aula. ASSUNTOS ABORDADOS NA OFICINA: Utensílios e insumos Receitas básica e todo o processo do zero Variações de Receitas Alimentação e Conservação do Levain NO DIA DA OFICINA: Recomendamos que venha de cabelo preso, com roupas adequadas para por a mão na massa, traga um avental e muita vontade de aprender!!! INSCRIÇÃO: WhatsApp @cristinavaleije (11) 9 9567-6769 Para dúvidas, número da conta para transferência e a ficha de inscrição. Então, estou te esperando!!! Até lá… #terapiadopao #acozinhadavovó #oficinadepães #Oficinadefermentaçãonatural

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Seja feliz, faça pão!

 

Receita de Pão semi-integral rústico com nozes e mel

No último fim de semana resolvi fazer uma versão nova do pão integral com nozes que aprendi em um dos episódios do programa Cozinha Prática, da Rita Lobo, no GNT. Como já disse em outro post, ela foi uma das minhas grandes inspiradoras nesse universo de pães artesanais. Dessa vez, adaptei a receita de pão italiano (sourdough) com fermentação natural, substituindo um pouco de farinha branca pela integral e adicionando os demais ingredientes da receita original. O resultado foi surpreendente: um pão semi integral delicioso, levemente adocicado, com a crocância das nozes.

Antes de começar a preparar a massa do pão, lembre-se de alimentar (ou refrescar) seu fermento natural. Costumo alimentá-lo duas vezes quando está com pouca atividade, usando a proporção 1-2-3 (que aprendi com os vídeos do Luiz América Camargo, autor do livro “Pão Nosso”). Para primeira alimentação, uso 25g de fermento, com 50g de água e 75g de farinha de trigo branca. Depois que duplicar de tamanho, alimento pela segunda vez, sem descartar o fermento, apenas adicionando mais 50g de água e 75g de farinha. Ele estará pronto para usar quando tiver duplicado de tamanho. Lembre-se sempre de deixar pelo menos 25g do levain para a próxima fornada.

INGREDIENTES

  • Farinha de trigo branca: 350g
  • Farinha de trigo integral: 150g
  • Água gelada: 350g (70% de hidratação)
  • Gérmen de trigo: 10g (opcional)
  • Levain: 175g (35%)
  • Sal: 12g
  • Mel: 1 colher de sopa
  • Nozes: 1 xícara de nozes picadas grosseiramente ou inteiras, se preferir

PREPARO DA MASSA

Passo 1 – Autólise
Misture bem a farinha e parte da água gelada (reserve 25g de água para a segunda hidratação da massa, durante a sova. Use esse restinho de água apenas se perceber que sua farinha aguentará absorver mais água). Deixe a massa descansar por 1 hora na geladeira, coberta por filme plástico. A massa deve estar fria para evitar que esquente demais durante a sova.

Passo 2 – Sovar
Depois do descanso, você perceberá que a massa está mais elástica, graças à ação do glúten. Chegou a hora de colocar a mão na massa. Essa etapa pode ser feita de duas formas: à mão ou com a santa ajuda de uma batedeira planetária com gancho. Dos dois jeitos dará certo.

Se escolher sovar à mão, não se preocupe em usar muita força. Existem algumas técnicas, como a “slap and fold”, que não exigem tanto músculo, apenas jeito e prática. Seus braços vão agradecer.

Acrescente o levain à massa, misture bem com as mãos e comece a bater a massa sobre a superfície em que está trabalhando e a dobrá-la sobre ela mesma, repetidas vezes, por 3 minutos. Comece a sentir sua massa, se está muito mole, talvez não precise acrescentar os restante da água gelada que você deixou reservada. Use apenas se sua farinha for forte ou se sua massa ainda estiver muito grudenta. Sove por mais 3 minutos e acrescente o sal. Misture bem a massa e sove por mais 4 minutos. Acrescente o mel e sove até que esteja bem incorporado à massa.

Se escolheu sovar com a ajuda da batedeira planetária, acrescente o levain e comece a incorporá-lo à massa na velocidade 2 (ou se sua batedeira aguentar o tranco, na velocidade 1) por 3 minutos. Acrescente a água, sove por mais 3 minutos na velocidade 2, tomando cuidado para não espirrar toda água pra fora do bowl. Acrescente o sal e bata a massa por mais 4 minutos, começando pela velocidade 3 até finalizar com a velocidade 4. Acrescente o mel e sove até que esteja bem incorporado à massa. Você deve começar a ouvir um barulho de “pneu furado” nos minutos finais, enquanto a massa bate nas laterais do bowl. Isso é um ótimo sinal!

O tempo total de sova pode variar de 10 a 15 minutos. Esse tempo deve variar de acordo com a temperatura do ambiente, quantidade de água e qualidade da farinha. Você deve perceber que a massa atingiu um “ponto de véu” (quando você começa a esticar a massa com as mãos, ela não se rasga).

Depois de sovar, deixe a massa descansar num bowl, coberto pelo pano úmido ou filme plástico para não ressecar, por 2 horas. Sim, esse tempo é importante para fermentação. É dentro dessas 2 horas que faremos as dobras da massa.

Passo 3 – Dobras e primeira fermentação

Após os primeiros 30 minutos de descanso começaremos a fazer dobras na massa, de meia e meia hora, por 2 horas (total de 4 dobras). Essa etapa é importante no processo de fermentação pois, quando esticamos e dobramos a massa, estamos trabalhando a cadeia de glúten.

No bowl (você também pode usar uma caixa de plástico), pegue um lado da massa, estique e dobre sobre ela mesma, até alcançar o outro lado. Repita isso nos 3 outros lados. Deixe descansar por 30 minutos e volte a repetir o mesmo movimento, mais 3 vezes, com intervalos de 30 minutos. Depois da última dobra, deixe descansar por mais 30 minutos.

Se o dia estiver quente, costumo fazer a descanso entre as dobras na geladeira. A melhor temperatura para a massa é entre 25 e 27 graus. Mas você só conseguirá medir isso com um termômetro de cozinha. Faça testes para ver qual resultado é o melhor pra você.

Passo 4 – Pre-shape ou pré-moldagem
Depois das dobras e descansos, divida a massa, caso queira pães menores. Costumo separar em duas partes a massa com 700g de farinha. Os pães com 300 ou 500g de farinha não costumo dividir. Aliás, isso vai depender da panela em que você assará seu pão. Quanto maior a massa, maior precisará ser sua panela. A pré-moldagem é importante para que sua massa comece a se preparar para o formato final em que fará a segunda fermentação, antes de ir pra panela. Abra a massa delicadamente com as mãos e puxe as laterais para o centro, unindo e apertando as pontas. Vire o lado da “costura” para baixo, boleie a massa para deixá-la mais redonda e deixe descansar por mais 30 minutos.

Passo 5 – Enriquecer a massa
Na bancada, abra a massa com as mãos e espalhe as nozes, pressionando para que os pedaços fiquem bem presos à massa. Você pode acrescentar o tanto de nozes que desejar (a medida da xícara é apenas uma referência).

Passo 6 – Shape ou moldagem final
Já decidiu qual formato quer fazer nesse pão? Redondo, retangular… são muitas as opções e jeitos de fazer. Abra a massa delicadamente sobre a bancada de trabalho e comece a puxar as laterais da massa e dobrar sobre ela mesma. Comece pela parte de baixo, puxando e esticando até o centro. Depois, puxe um pouco da massa nas laterais esquerda e direita e cruze a massa até alcançar o outro ponto. Pegue a parte de cima, puxe e estique até alcançar a ponta de baixo. Depois, comece a puxar um pouco da massa de cada lado, cruzando e “colando” com a ponta do do outro lado, como se estivesse costurando. Vá enrolando a massa sobre ela mesma, deixando a parte da costura para baixo, em contato com a bancada, para selar. Pode parecer difícil, mas o vídeo te ajudará a entender melhor como moldar o pão.Ao finalizar a moldagem, coloque a massa com a costura para cima, num banetton ou qualquer cesto forrado com guardanapo e polvilhado com farinha de arroz. Você pode usar um escorredor de macarrão, bowl de vidro ou alumínio, cesto de vime… vale tudo!).

Passo 7 – Segunda fermentação
Deixe a massa descansar para segunda fermentação. Em temperatura ambiente, deixe descansar por 3 horas. Na geladeira, para fermentação mais lenta, cubra com plástico (para não ressecar) e deixe a massa na parte menos fria da geladeira de 12 a 24 horas.

Passo 8 – Assar
O pão deve crescer um pouco durante a segunda fermentação, mas não deixe dobrar de tamanho. O pão deve ter fôlego para crescer no forno, o que chamamos de “salto de forno”. Se achar que depois das 12 ou 24hs na geladeira sua massa não cresceu nada, deixe um tempo em temperatura ambiente para que a massa se desenvolva um pouco.

Pré-aqueça o forno em 250 graus por 30 minutos e coloque a panela com tampa para esquentar. Use um timer (tem no seu celular!) para não perder a hora.
Enquanto a panela aquece, tire a massa da geladeira, passe um pouco de farinha de trigo sobre ela e faça o corte e a decoração que desejar. Essa é uma das partes mais divertidas do processo.

Passado os 30 minutos, tire a panela do forno, polvilhe farinha de arroz ou use papel Dover para o pão não grudar (é melhor que papel manteiga!).
Coloque o pão na panela, tampe, mas cuidado para não se queimar. Lembre-se, está MUITO quente. Você pode borrifar água na tampa quente, logo antes de fechar a panela, para formar o vapor que ajudará a manter a casca úmida enquanto o pão assa bem, de dentro pra fora.

Coloque a panela tampada no forno e deixe assar por 30 minutos a 250 graus. Lembre-se de usar o timer, uma santa ajuda. Depois, tire a tampa e veja como ficou seu pão.

Reduza a 220 graus e deixe assar por mais 20 minutos, sem a tampa. Reduza a 180 e deixe assar por mais 10 minutos, para deixar o miolo mais seco, reduzindo o excesso de umidade da massa. Nos minutos finais, acenda a grelha superior (se seu forno tiver) para ajudar a deixá-lo mais corado sem queimar a parte de baixo.
O tempo de cocção do pão pode variar de forno para forno. Fique de olho, sempre!

Passo 9 – Esperar
Depois de assado, tire o pão da panela e deixe esfriar totalmente sobre uma grelha (pode ser na grelha do fogão), deixando o ar passar por cima e por baixo do pão, para que a casca de baixo não fique úmida demais por conta do calor. Esse tempo é importante para que o pão termine a cocção, mesmo fora do forno.

RESUMO DA ÓPERA

  • Autólise na geladeira por 1 hora
  • Sovar a massa por 10 a 15 minutos
  • Dobras a cada meia hora, por 2 horas
  • Descanso de 2 horas (primeira fermentação)
  • Pré-moldagem
  • Descanso de 30 minutos
  • Enriquecer a massa com pedaços de nozes
  • Moldagem final
  • Segunda fermentação em temperatura ambiente por 3 horas ou na geladeira de 12 a 24 horas
  • Pré-aquecer forno e panela com tampa por 30 minutos
  • Assar a 250 graus por 30 minutos
  • Tirar a tampa e continuar a assar a 220 graus por 20 minutos
  • Finalizar a 180 graus por 10 minutos (ligando grelha superior nos últimos minutos para dourar)
  • Esperar esfriar
  • Comer

Seja feliz, faça pão.

Receita de Pão de Hokkaido com método Tangzhong

Pão de leite de Hokkaido com método Tangzhong

Além do pão italiano, que já é um sucesso lá em casa, outra receita que tenho feito repetidas vezes, experimentando algumas variações, é o “Pão de Hokkaido com método Tangzhong”. Parece complicado, né? Mas imagine um pão de leite, muito macio, com sabor adocicado e levemente azedo pela fermentação natural… Uma maravilha que aprendi com a Aline Galle e os amigos do grupo “Levain”, no Facebook.

Você pode experimentar fazê-lo com ou sem recheio, em diferentes formatos. O resultado será sempre um pão saboroso, fresquinho e macio por dias.

Mas afinal, o que é o Tangzhong? Esse método asiático, também conhecido como “Water Roux Method”, é uma espécie de mingau mais grosso, feito de farinha e água, que depois será adicionado à massa. Ele é o responsável por deixar o pão artesanal macio por mais tempo.

Como fazer o Tangzhong?
Numa panela, adicione 50g de farinha de trigo e 250ml de água e misture bem, em fogo baixo, até o mingau engrossar, sem deixar ferver. Depois de pronto, deixe esfriar completamente e incorpore à receita do Pão Hokkaido (ou em qualquer receita de pão!). O Tanzhong funcionará como um emulsificante natural, conservando e deixando seu pão mais macio por mais tempo.

Receita do Pão de Leite de Hokkaido
(adaptação da receita compartilhada pela professora Aline Galle)

Pão de leite de Hokkaido com método Tangzhong

INGREDIENTES

  • 3 xícaras de farinha de trigo
  • 4 colheres (sopa) de açúcar
  • 1 colher (sopa) de leite em pó
  • 1 xícara de leite
  • 1 ovo para a massa (e um outro ovo será usado para pincelar)
  • 1 colher (chá) de sal
  • 1/2 xícara de Tangzhong
  • 4 colheres de sopa de manteiga em consistência pastosa (prefiro usar manteiga sem sal)
  • 120g de levain (você pode usar 5g de fermento biológico seco)

Pão de leite de Hokkaido com método Tangzhong

PREPARO DA MASSA

Passo 1 – Misturar, sovar, dobrar
Misture todos os ingredientes até obter uma massa uniforme. Sove por 10 a 15 minutos, à mão ou com ajuda de uma batedeira planetária com gancho, até obter o ponto de véu.
Deixe descansar por 30 minutos e comece a fazer dobras a cada meia hora, por 2 horas. Ao todo serão 4 dobras que farão o glúten se desenvolver melhor.
Após a última dobra, deixe a massa descansar por mais 30 minutos num recipiente coberto com filme-plástico ou toalha umedecida.

Passo 2 – Shape ou moldagem
Modele a massa do jeito que preferir e coloque numa forma untada com manteiga e farinha.

Passo 3 – Fermentar
Deixe a massa fermentar por 4 horas, dentro do seu forno convencional ou microondas, com a lâmpada acesa para ajudar seu levain a fazer a mágica acontecer. Vale até deixar a massa num cantinho, com luminária acesa, para aquecer um pouquinho mais sua massa.

Passo 4 – Finalizar
Depois do tempo de fermentação, pincele 1 ovo batido com um pouco de leite sobre a massa.

Passo 5 – Assar
Pré-aqueça o forno por 20 minutos, a 220º. Asse por 35 minutos ou até deixar a casca corada do jeito que você mais gosta.

Passo 6 – Esperar
Depois de assado, tire da forma e deixe descansar sobre uma grelha até esfriar completamente.

Pão de leite de Hokkaido com método Tangzhong

Agora chegou a hora de você experimentar essa receita, e também o método Tangzhong, e compartilhar nos comentários suas dicas e descobertas.

Seja feliz, faça pão.

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